Distância

Maai


A grande diferença entre um principiante e um mestre é que o segundo domina a arte de usar o espaço entre si e o adversário a seu favor. O principiante vê a distância entre si e o seu oponente como simplesmente uma coisa que existe, ou nem a “vê”, sequer… O mestre, porém, vê na distância uma ferramenta. Vê uma arma que é provavelmente a mais valiosa e usa-a.

O uso indevido e devido da distância pode ser observado comparando um  principiante com um mestre: O primeiro, quando é atacado, desvia-se cerca de 30cm a 40cm do ataque, enquanto que o segundo se move subtilmente, apenas o suficiente para não ser atingido pelo ataque, talvez uma polegada ou ainda menos, aproveitando-se da proximidade para com o atacante e elaborando um contra-ataque sem defesa.

O “Maai” (“distância” ou “sentido de distância”, em japonês) não se aprende naturalmente. É desenvolvido através da vida num processo de tentativa-erro.

A distância ideal de combate é denominada, em termos japoneses, de “uchima”, ou seja, “distância para bater”. Nesta distância é apenas necessário dar um passo curto para atingir o oponente. A acção para diminuir o espaço para atingir o oponente é “uchikomi”. Quando se está muito longe do oponente, de forma que não se lhe possa chegar e atingir apenas com um passo, diz-se que a distância é “toma” (intervalo ou distância grande). No caso de se estar tão próximo que não é necessário dar sequer um passo para atingir o adversário, diz-se que se está em “chikama” (intervalo ou distância pequena).

Estes conceitos são válidos para a luta sem armas bem como para a luta com armas (qualquer tipo de armas).

Quando se luta em “chikama”, consegue-se atingir o adversário com maior rapidez, devido à proximidade. Porém, isto é feito com pouca energia, uma vez que devido a essa mesma proximidade, não se pode aproveitar o peso e balanço corporal por completo para golpear, tornando assim o golpe mais fraco. É por isto que é também importante saber até onde o oponente pode atacar, uma vez que o o seu poder de ataque está limitado em 2 pontos “fracos”: Um a uma distância longa (além do limite que os seus membros ou armas alcançam) e outro a uma distância curta, onde devido à proximidade extrema, o seu instrumento (membros ou armas) se torna inofensivo. Esse ponto é chamado o “shikaki” (ponto morto, em japonês).

Para efeito comparativo, toma-se como exemplo o poder de um presidente de uma empresa multinacional. O seu poder é bastante grande no país onde a empresa está sediada, mas à medida que se afasta ou se estende para outras nações, a sua influência vai diminuindo, até ao ponto em que passa a ser inexistente. Por outro lado, dentro da sua própria empresa existem pessoas que se sentam ao seu lado em reuniões e que são, devido à proximidade com o presidente, virtualmente inatingíveis.


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